2 - Crise do governo: crise do regime?
Maioria absoluta de amadorismo e oportunismo
O actual primeiro ministro de Portugal é um exemplo típico, o paradigma, do amadorismo político global, principalmente no mundo ocidental, que vem já desde o fim do séc. XX (e me parece que continua, hoje, em versões mais refinadas, nas diversas gerações X, Y, Z, etc.). São aqueles políticos que nunca tiveram necessidade de trabalhar porque os pais ou o regime lhes deram tudo. Muitos nunca brilharam na escola e mais tarde nem sequer concluíram o curso ou o curso nunca lhes serviu para nada. Foram sempre meninos mimados. Passaram o tempo em acções partidárias, a colar cartazes e a frequentar os corredores das sedes e habituaram-se a aparecer em público. Nunca provaram o “pão que o diabo amassou”.
Comparo-os a um adolescente de dezoito anos que acabou de tirar a carta de condução e passou a usar o carro do pai, emprestado, para sair todos os dias com os amigos, sem preocupações porque o pai lhe paga tudo o que é preciso.
O socialismo faz o mesmo servindo-se dos benefícios, da abundância e da prosperidade capitalista, da multiplicidade de bens e serviços disponíveis e da enorme capacidade de produção de riqueza (o “papá capitalista”). O socialismo promete igualdade, justiça social, etc. combatendo os “males” do capitalismo, a exploração dos trabalhadores, as desigualdades sociais, as supostas injustiças e, servindo-se de grandes sofismas e propaganda, engana o povo e instala-se no poder.
Foi nesta lógica de puro oportunismo que o Dr. António Costa destronou o Dr. António José Seguro de líder do partido e, mais tarde, o Dr. Pedro Passos Coelho do cargo de primeiro ministro e se instalou no poder, apesar de ter perdido as eleições e de o tempo das vacas gordas do capitalismo estar já a acabar.
Como um cábula na escola, somou três negativas do teste eleitoral, 7 + 3 + 2 e reclamou, junto do “professor”, que tinha uma nota superior ao 9,5 (10, suficiente para passar no exame) do Dr. Passos Coelho. Como os “critérios de avaliação” são extremamente vagos, típicos da anarquia, (Artigo 187.º 1. O Primeiro-Ministro é nomeado pelo Presidente da República, ouvidos os partidos representados na Assembleia da República e tendo em conta os resultados eleitorais) o “professor” nomeou-o e demitiu o legítimo titular do cargo.
Hoje, o adolescente já não tem dinheiro para a gasolina, para o mecânico e para todas as outras despesas (o papá capitalista está a ficar arruinado). O défice (público) acumulado é astronómico e já vem de trás porque a boémia da adolescência já começou há quase cinquenta anos com promessas de “pão, paz, saúde, educação”, etc. e, hoje, estamos todos na penúria. Mas a culpa é sempre dos outros: da pandemia, da guerra, etc. O miúdo, agora, vive de expedientes: os milhões do PRR e a pesada carga de impostos não chegam, porque são mal geridos e desaparecem sem criar benefícios. É como despejar grandes baldes de tinta sobre as telas e, em vez de grandes obras de arte só se vêm grandes borradas.
O adolescente, agora, não conduz o carro do pai mas um grande autocarro público (o país). Em maioria absoluta é o único motorista e tem ordem para avançar mas ainda está espera que ele ande sem fazer nada porque não sabe mexer nos comandos (ao fim de um ano de maioria absoluta o governo ainda não fez nada a anão ser aumentar o custo de vida e degradar os serviços públicos). Por isso, logo que tomou posse, perguntou a quem perdeu, onde deveria ser construído o tal aeroporto, mil vezes adiado. O “professor” bem tenta segurá-lo e esperar que governe bem. Mas como, se nunca governou? Ainda ninguém reparou que, há quase cinquenta anos, os políticos de “esquerda”, nesta anarquia “democrática”, além de despacharem o expediente geral, limitam-se a ocupar (e a aproveitar em benefício próprio) a cadeira do poder e esperam que o “papá capitalista” (o povo) faça funcionar o país, apesar de bancarrotas, falências, dívidas astronómicas, desfalques de milhões (que a justiça nunca julgou nem puniu), corrupção, criminalidade incendiária, etc. que o povo tem suportado? (Se tivessem governado a sério nada disto teria acontecido).
A conjuntura mudou e apresenta grandes adversidades, muitas por culpa própria. O primeiro ministro, (o tal adolescente de dezoito anos) anda de cabeça perdida. Não sabe comandar e tem a equipa em derrocada e mal preparada. As demissões já ultrapassam uma dezena e outras estão iminentes. O descontentamento e a revolta crescem de dia para dia, dentro do grande autocarro, mas o condutor está sem rumo. Tudo o que é serviço público está em colapso, num enorme caos como a educação, o SNS, a agricultura, etc. Já não é possível encontrar quem possa ocupar o lugar da secretária de estado da agricultura. Parece que não há ninguém com o cadastro limpo.
Ainda que diga que se vai manter no poder até ao fim da legislatura, ninguém acredita, nem o próprio. Há mais elementos do governo presos por um fio e os casos, casinhos e casões continuam a aparecer e a criar uma enorme erosão no governo.