O pódio na política e no futebol
A comunicação social criou um ambiente de grande euforia idealizando cenários maravilhosos para a selecção nacional no campeonato do mundo do Qatar, com possíveis prognósticos de vitória, colocando os jogadores lusos já no pódio, como os melhores entre todos, antes da realização dos jogos. Só faltou, mesmo lançar os foguetes antes da festa.
É esta a lógica e a estratégia que a comunicação social portuguesa tem usado nas batalhas políticas dando enorme visibilidade e publicidade a certos candidatos, como sendo os melhores, através de sondagens quase diárias, como aconteceu com o primeiro ministro António Costa que, em Outubro de 2019 (e noutros actos eleitorais), já tinha a vitória garantida, mais de um mês antes da data das eleições. Se esta estratégia funcionasse no futebol, já teríamos a vitória garantida, há muito tempo, no Qatar.
Mas a estratégia e o sucesso no futebol está no bom desempenho e no sucesso da equipa em campo, na superioridade das jogadas, na rapidez, isto é, na disputa honesta e certeira de toda uma equipa, apesar de, por vezes, também haver fraudes e corrupção.
Por isso, os méritos desportivos são muito diferentes dos da política. No futebol não há geringonças. Em Portugal, este regime de falsa democracia permite que tanto possa governar quem ganha como quem perde as eleições. Que sentido faz bater palmas a um político que governa sem ter ganho as eleições? Pelo estado caótico em que está o país é bem de ver que quem está no pódio, no poder, não tem competência nem capacidade para desempenhar o cargo.
No futebol só a equipa que vence é que leva o troféu e por isso, faz todo o sentido bater palmas e fazer a festa. Que sentido têm as palmas de toda a classe política portuguesa a um craque como o Ronaldo ou a uma eventual vitória da selecção portuguesa no mundial? Os craques mostram o seu valor em campo, os políticos não exibem qualquer valor ou mérito mas apoderam-se do poder como troféu.
A selecção nacional vai jogar amanhã com a selecção da Suíça. Se perder será que o primeiro ministro vai propor uma geringonça para Portugal ser campeão do mundo?